16 de março de 2010

Como eles são?



Desde os tempo em que nossos antepassados ainda habitavam cavernas, o medo dos mortos assombra a humanidade. Era coum crer que espíritos voltavam do Além e visitavam suas vítimas em sonhos, e elas adoeciam e morriam. Com o tempo, a crença nesses espíritos malignos foi dando origem ao mito do vampiro. Alguns cadáveres exumados apresentavam estranhamente um aspecto saudável e robusto, e os corpos nessas condições quase sempre tinham a boca e o nariz sujos de sangue. A imaginação folclórica associou as lendas de fantasmas aos estranhos cadáveres e criou a figura do vampiro.
Embora o termo vampiro tenha surgido há menos de 300 anos, essa criatura existe no folclore de diversos povos, de diferentes regiões, e cada qual a descreve de maneira própria. Algumas descrições são curiosas; outras, bizarras. Os vampiros das lendas da Transilvânia, por exemplo, eram magros, pálidos e tinham unhas compridas. Já os da Bulgária tinham apenas uma narina; e os da Bavária dormiam com os polegares trançados e um olho aberto. Os vampiros da Moravia atacavam nus e os do folclore da Albânia usavam sapatos de salto alto. Conforme as histórias de vampiro se espalharam em todo o mundo e chegaram às Américas, as descrições também variaram. Os vampiros mexicanos tinham um crânio descarnado no lugar da cabeça. Os dos Estados Unidos, mais precisamente da região das Montanhas Rochosas, não mordiam, mas aspiravam o sangue com seu nariz – e só o sangue da orelha da vítima.
Crenças:

Uma característica do vampiro é a capacidade de se transformar em morcego, rato, cão, lobo, aranha e até mariposa. Na verdade, esse também é um atributo mágico dos feiticeiros e dos xamãs. Muitos relatos dos indígenas brasileiros dão conta de pajés que tinham o poder de se transformar em onças – eles, porém, não sugavam sangue.

As causas da geração de vampiros são quase tantas quanto as tradições folclóricas que as produziram. Nos folclores eslavo e chinês, qualquer cadáver sobre o qual um animal passara ou pulava, especialmente um cachorro ou um gato, poderia se transformar em vampiro. Um corpo que tivesse um ferimento, que não fora tratado com água fervente – uma medida comum até o século 18 -, também corria risco de se transformar numa dessas criaturas. No folclore russo, acreditava-se que os vampiros tinham sido bruxas em vida, ou pessoas que se rebelaram contra a igreja.

Também existe um diversificado folclore para se evitar a ameaça destes seres. Uma série de ritos foi criada para impedir que uma pessoa amada que tinha morrido recentemente se tornasse um vampiro. A cabeça, o corpo ou as roupas de um suposto vampiro podia ser pregadas ao caixão para evitar que ele se levantasse. Os ciganos costumavam enfiar agulhas de ferro no coração do morto e colocar pedaços de metal em sua boca, sobre os olhos, orelhas e entre os dedos na hora do enterro.
Uma prática comum era enterrar a pessoa de cabeça para baixo ou, então, colocar objetos, como foices ou facas, nos caixões. Pensava-se que estes artefatos satisfaziam de alguma forma os demônios que entravam no corpo, ou serviam para apaziguar o defunto. O método era semelhante à antiga prática grega de colocar uma moeda na boca do cadáver para pagar a taxa de transporte ao barqueiro Caronte para atravessar o Estige, o rio que determina a fronteira do Hades, o reino dos mortos. No entanto, alguns estudiosos argumentam que a moeda era usada para espantar os espíritos maus e evitar que possuíssem o morto. Esse uso pode ter influenciado as lendas e as crenças sobre vampiros.

Também era comum na Europa cortar os tendões dos joelhos ou colocar sementes de papoula, ou areia, ao lado da tumba de um suposto vampiro. Acreditava-se que estas criaturas tinham um impulso incontrolável de contar coisas, e as sementes deixariam ocupadas a noite inteira. Há crenças chinesas e indianas semelhantes, segundo as quais, se um vampiro passasse por um saco de arroz, ele seria compelido a contar todos os grãos.

Defesa:

Para se defender dos vampiros, os supersticiosos camponeses do leste europeu lançavam mão de uma série de objetos, como alho e água benta. Esses amuletos de proteção variavam de região para região. Rosas selvagens e itens religiosos, como o crucifixo e o rosário, também eram empregados.

Acreditava-se ainda, que os vampiros não conseguiam permanecer em solo consagrado, como os das igrejas, ou atravessar a água corrente de um rio. Outras tradições garantiam que uma criatura dessas só podia entrar em uma casa se tivesse sido convidado pelo dono, apesar de que, depois do convite, ela poderia entrar e sair quando bem entendesse. De forma geral, os vampiros das tradições folclóricas atacavam à noite, mas, ao contrário dos da literatura, não temiam a luz do sol.
Identificação:

Para descobrir e identificar um vampiro, os antigos europeus também elaboraram uma série de complicados rituais. Um deles consiste em levar um menino virgem montado em um garanhão, quase sempre negro, a um cemitério. Acreditava-se que o cavalo iria empacar no túmulo do vampiro.

Outra forma era observar se havia buracos no chão ao lado do túmulo. Se estes surgissem por algum motivo, tinha-se certeza de que se tratava de um vampiro. Quando o gado ou ovelhas morriam misteriosamente, ou quando faleciam parentes ou vizinhos sem causa aparente, imediatamente suspeitava-se de que estes seres estavam atacando.
Para destruí-los:

Havia muitas formas de se destruir vampiros. O método mais comum era fincar uma estaca de madeita em seu coração. Esta prática era particularmente comum entre os povos eslavos. Quando desconfiavam de que alguém havia se transformado em morto-vivo, exumava-se o cadáver suspeito e cravava-se a estaca no coração, ou, como na Rússia e no norte da Alemanha, na boca, ou ainda no estômago, como no norte da Sérvia.
 

Em 2006, um arqueólogo descobriu em Veneza uma tumba datada dos século 16. Nela, estava o corpo de uma mulher com um tijolo enfiado em sua boca. Acreditava-se que isso evidencia um ritual de eliminação de vampiro.

Na Alemanha, preferia-se, quase sempre, decapitar o cadáver e enterrar a cabeça entre os pés ou longe do corpo. Esse ato deveria acelerar a partida da alma, a qual, de acordo com a superstição local, permanecia ao lado do corpo.

Nos Bálcãs, o vampiro também poderia ser morto por meio de afogamento, de se borrifar água benta sobre o cadáver, por exorcismo ou simplesmente ao se repetir o enterro.

Na Romênia, até o século 19, não era incomum dar-se um tiro no caixão durante o enterro. Isso garantiria que o finado não voltaria para vampirizar a vizinhança. Em casos extremos, o defunto era esquartejado, seu corpo era cremado e as cinzas misturadas à água e dadas para os parentes beberem. A beberagem era – e ainda é – considerada um poderoso remédio. Em 2004, na Romênia, os parentes de um homem acharam que ele tinha se transformado em vampiro depois de morto. E não tiveram receio de lançar mão do metido tradicional: desenterraram o corpo, extraíram-lhe o coração , o cremaram, misturaram as cinzas à água e consumiram a mistura.

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