14 de abril de 2013

Álvares de Azevedo


Em 12 e Setembro de 1831, nascia em São Paulo, Manuel Antônio Álvares de Azevedo. Filho de Inácio Manuel Álvares de Azevedo e Maria Luiza Mota Azevedo, o poeta, contista e ensaísta Álvares de Azevedo, teria nascido na sala da biblioteca da Faculdade de Direito de São Paulo; porém, foi constatado que o nascimento se deu na casa do avô paterno, Severo Mota.

Filho de família ilustre, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1833, e em 1840 ingressou no Colégio Stoll; retornando a São Paulo em 1844. Regressou para o Rio de Janeiro no ano seguinte e matriculou-se no Colégio Pedro II. Finalmente, em 1848 entrou para a Faculdade de Direito de São Paulo. Tendo uma vida literária intensa, Álvares de Azevedo foi fundador da Revista Mensal da Sociedade Ensaio Filosófico Paulistano.
Fortemente influenciado por Lord Byron e Musset, Álvares de Azevedo inseriu em suas poesias elementos da linguagem desses escritores. A melancolia e a presença constante da morte eram temas perenes em suas obras.

Álvares de Azevedo era de pouca vitalidade e o desconforto das repúblicas aliado ao esforço intelectual intenso, enfraqueciam sua saúde. Entre 1851 e 1852, manifestou-se a tuberculose pulmonar, agravado por uma lesão ocasionada numa queda de cavalo ocorrida no mês anterior. Sofreu uma intervenção cirúrgica que não surtiu efeito, e faleceu às 17 horas no dia 25 de Abril de 1852. Seu corpo foi enterrado no cemitério Pedro II, na Praia Vermelha; em 1854, foi transladado para o cemitério São João Batista.
Se eu morresse amanhã foi escrita dias antes de sua morte e lida no enterro por Joaquim Manuel Macedo. Álvares de Azevedo era amigo de Bernardo Guimarães, Aureliano Lessa e José Bonifácio; com que dividiu as acomodações da Chácara dos Ingleses, em São Paulo.

Entre 1848 e 1851, publicou alguns poemas, artigos e discursos. Depois da sua morte surgiram as Poesias (1853 e 1855), cujas edições sucessivas uniram-se aos outros escritos, alguns dos quais publicados antes em separado. As obras completas, como as conhecemos hoje, compreendem: Lira dos vinte anos, Poesias diversas, O poema do frade e O conde Lopo, poemas narrativos; Macário, "tentativa dramática"; Noite na taverna, contos fantásticos; a terceira parte do romance O livro de Fra Gondicário; os estudos críticos sobre Literatura e civilização em Portugal, Lucano, George Sand, Jacques Rolla, além de artigos, discursos e 69 cartas.

Preparada para integrar As três liras, projeto de livro conjunto de Álvares de Azevedo, Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães, a Lira dos vinte anos é a única obra de Álvares de Azevedo cuja edição foi preparada pelo poeta. Vários poemas foram acrescentados depois da primeira edição (póstuma), à medida que iam sendo descobertos.

A característica intrigante de sua obra reside na articulação consciente de um projeto literário baseado na contradição, talvez a contradição que ele próprio sentisse, na condição de adolescente.
Perfeitamente enquadrada nos dualismos que caracterizam a linguagem romântica, essa contradição é visível nas partes que formam sua obra principal, Lira dos Vinte Anos. A primeira e a terceira partes da obra mostram um Álvares adolescente, casto, sentimental e ingênuo. Já a segunda parte apresenta uma face irreverente, irônica, macabra e por vezes orgíaca e degradada de um moço-velho, isto é, um jovem em conflito com a realidade, tragado pelos vícios e amadurecido precocemente.

A obra de Álvares de Azevedo apresenta linguagem inconfundível, em cujo vocabulário são constantes as palavras que expressam seus estados de espírito, a fuga do poeta da realidade, sua busca incessante pelo amor, a procura pela vida boêmia, o vício, a morte, a palidez, a noite, a mulher... Em Lembranças de morrer, está o melhor retrato dos sentimentos que envolvem sua vida: "Descansem o meu leito solitário/ Na floresta dos homens esquecida/ À sombra de uma cruz e escrevam nela:/ - Foi poeta, sonhou e amou na vida."

Nenhum comentário:

Postar um comentário