Saudações Meus caros Vamps amigos e seguidores!
Como sempre buscando novidades, me deparei com uma reportagem muito legal sobre King Diamond e sua banda Merciful Fate… Apesar de muitos se dizerem satanistas, góticos… o Rei Diamante é realmente satanista…
Técnica e musicalmente falando, KING DIAMOND e sua banda MERCYFUL FATE diferem muito do som “extremo” praticado por bandas de black metal, fazendo um trabalho em parte relativamente original e inconfundível, carregado de uma aura sinistra. Mas… As letras vão muito “além da imaginação”… KING DIAMOND, na banda de mesmo nome, faz um trabalho lírico e teatral magistral, com as interpretações de suas letras que contam histórias de horror dignas de cinema.
De modo geral, cada álbum de KING é conceitual, conta uma história; na verdade, às vezes uma história envolve dois álbuns sequenciais, como “Abigail” e “Abigail II”, e “Them” e “Conspiracy”. No MERCYFUL FATE, as letras abordam temas gerais sobre mitologia, ocultismo, “magia negra” e satanismo, como muitas outras bandas. Entretanto, no caso de KING DIAMOND há uma diferença: KING é satanista, e não meramente marqueteiro.
De modo geral, cada álbum de KING é conceitual, conta uma história; na verdade, às vezes uma história envolve dois álbuns sequenciais, como “Abigail” e “Abigail II”, e “Them” e “Conspiracy”. No MERCYFUL FATE, as letras abordam temas gerais sobre mitologia, ocultismo, “magia negra” e satanismo, como muitas outras bandas. Entretanto, no caso de KING DIAMOND há uma diferença: KING é satanista, e não meramente marqueteiro.
Mas qual é realmente a influência satânica de seu trabalho e de sua visão de mundo? Certamente, não é o pseudo-satanismo equivocado e “rebelde sem causa” que acabou por “macular” o satanismo intelectual de indivíduos sérios e conscientes. E KING é um indivíduo sério, consciente e inteligente, que pensa e questiona os costumes e dogmas vigentes numa sociedade imersa em tabus infundados e fanatismos.
Ironicamente, KING nasceu em uma família considerada cristã (porém, negligente), sendo ele mesmo na infância uma criança tida como angelical por seus pais e familiares. Parece também que ele jamais se envolveu com drogas, coisas ilícitas ou vagabundagens, e era um ótimo aluno respeitado por seus colegas na escola, chegando a graduar-se em Química e a trabalhar em pesquisas laboratoriais.
Mas voltando ao satanismo do Rei… Apesar das lendas que rondam KING (como muitas lendas que circulam no meio musical e artístico desde sempre), muitas de suas músicas foram inspiradas em fatos inusitados e “sobrenaturais” que ele vivenciou ou presenciou, em sonhos e pesadelos vívidos, filmes de terror, além da literatura e, principalmente, de uma filosofia satanista bastante conhecida e difundida ao redor do mundo por um sujeito um tanto excêntrico e peculiar: Howard Stanton Levey, mais conhecido como Anton Szandor LaVey (1930-1997), o fundador da Igreja de Satã (Church of Satan).
LaVey fundou a Igreja em 30 de abril de 1966, na Califórnia, possivelmente inspirado pelos Hellfire Clubs que existiam na Inglaterra no século XVIII, e, de certo modo, pelas ideias thelêmicas de Aleister Crowley, entre outras influências. Fundada sua Igreja, LaVey escreveu um dos livros mais influentes e populares do satanismo, “A Bíblia Satânica” (The Satanic Bible), que, segundo alguns, é uma “adaptação” de outras obras. Entretanto, “A Bíblia Satânica” apresenta toda a filosofia do satanismo moderno que tem influenciado o REI DIAMANTE e inspirado muitas de suas músicas, especialmente no MERCYFUL FATE, e seu visual.
Mas KING já era “satanista”, segundo sua própria filosofia e a de LaVey, mas não sabia disso até então; KING já praticava seus rituais com direito a um altar negro, velas e caveira. Mesmo considerando-se satanista, KING tem a mente aberta e é bastante racional com relação a muitos assuntos. Para ele, não existe Deus nem o Diabo, pois ambos são invenções cristãs; KING não acredita em Deus nem cultua o Satã estereotipado, que é também um deus forjado pela religião judaico-cristã. No satanismo, para KING e LaVey, não há adorações a coisa alguma, sendo Satã apenas um símbolo, uma representação da natureza selvagem, dos instintos, dos prazeres materiais, do crescimento individual, da liberdade de expressão e da autossuperação em meio às tribulações da existência, sendo esses os objetivos fundamentais do satanismo laveyano. É claro que tais ideias não são nada mais que naturais para qualquer criatura, mas são condenadas pelos dogmas fundamentalistas que querem tapar o sol com a peneira. O satanismo também valoriza o desenvolvimento tecnológico, as artes, a literatura, a música e todas as habilidades e talentos que os indivíduos possam elevar ao máximo e conquistar sua satisfação pessoal por mérito real.
Por outro lado, de certo modo, mesmo o satanismo mostrando uma filosofia ateísta, também parece fazer uma paródia provocativa do cristianismo. Além disso, o satanismo de LaVey é uma filosofia materialista organizada com base ética, regras fundamentais (que ninguém é obrigado a seguir) e práticas cerimoniais teatralizadas como recursos psicodramáticos para influenciar a mente e as emoções e estimular às ações no campo prático da vida.
Obviamente que há outras influências além do satanismo no trabalho de KING DIAMOND, tais como outras bandas e artistas “teatrais” mais velhos, mas a influência satanista de LaVey se sobressai. LaVey explorava bastante o efeito teatral nos rituais satânicos, e, nesse sentido, chegou também a participar como consultor, narrador e ator em alguns filmes.
Além da influência teatral que visa a interpretar suas letras sinistras, KING DIAMOND apresenta um evidente trabalho visual, com diversos símbolos e objetos, como, por exemplo, o símbolo que aparece no logo de sua banda de mesmo nome. O símbolo foi copiado de “A Bíblia Satânica”, que, por sua vez, também o retirou da Alquimia. Trata-se de um tradicional símbolo alquímico do “fogoso” enxofre, formado por um oito horizontal, ou o símbolo do infinito, sobre o qual está uma cruz de Lorena que é também uma cruz templária. O enxofre e seu símbolo têm sido associados ao Diabo por seus detratores fundamentalistas, e o uso desse símbolo pela Igreja de Satã é claramente uma chacota, como se quisesse “concordar” (para não discutir inutilmente) com seus caluniadores, “reafirmando” que o Diabo fede a enxofre.
KING tem usado diversos símbolos em sua imagem artística. Outro deles é a cruz latina invertida, reconhecida como um símbolo satânico, apesar de ter sido também a tradicional cruz de São Pedro (fato de que poucos satanistas têm conhecimento). O famoso pentagrama invertido (estrela formada por cinco linhas) é outro símbolo adotado pelo satanismo – mas é bem anterior à fundação da Igreja de Satã – e usado por KING, por vezes pendurado ao pescoço.
Além desses símbolos, o grande REI dinamarquês também faz uso do mundialmente conhecido sinal da mão cornuda (sign of the horns), que é, entre outras coisas, um símbolo de força, poder, inteligência, liberdade e criatividade. É também um símbolo pagão do Deus Chifrudo das feiticeiras, do deus grego Pã (e outros similares), do egípcio deus-chacal Anúbis, do crescente lunar (símbolo da Deusa) e da trajetória do planeta Vênus (Lúcifer), todos demonizados pela cristandade e pela Inquisição.
Pã, o fauno flautista que se deliciava com as ninfas, tem correspondência com Baphomet, cuja cabeça é inserida no pentagrama invertido, formando o famoso selo pré-satanista adotado pela Igreja de Satã. Pã significa “tudo”, em grego; e Baphomet, segundo alguns, significa “batismo de sabedoria”, também em grego, ou seja, nesse contexto, a sabedoria da natureza selvagem e da natureza humana. Baphomet tem ainda outros significados relacionados ao Caminho da Mão Esquerda e à Magia Sexual.
A música de KING DIAMOND arde em satanismo. Do álbum “Melissa”, de sua banda MERCYFUL FATE, a letra da música “Into the Coven” descreve resumidamente um ritual satânico. Algumas indicações na letra sugerem semelhanças, em parte, com os rituais da Igreja de Satã: uma grande-sacerdotisa, bruxas, nudez feminina e… Satã.
Do álbum “Don’t Break the Oath”, a música “Come to the Sabbath” descreve outro ritual, no sabá das bruxas. Do mesmo álbum, a letra de “The Oath” é composta por trechos de uma longa missa satânica, a qual renega Jesus (chamando-o de enganador) e invoca Satã em nome dos quatro grandes príncipes “infernais” considerados pela igreja laveyana, a saber: Satã, Lúcifer, Leviatã e Belial, associados aos pontos cardeais e elementos – sul/fogo, leste/ar, oeste/água e norte/terra, respectivamente. A tal missa aparece completa no primeiro álbum da banda americana COVEN, de 1969, que tinha ligação com LaVey.
Na música “Witches’ Dance”, do disco “Time”, do MERCYFUL FATE, temos outra descrição ritualística, romantizada: um sabá no qual bruxas e “sombras” encapuzadas dançam para o Diabo (segundo a visão em voga), com chamas crepitando ao luar. Aqui, o Diabo é o “tradicional” bode sentado em seu trono de prata (um metal preferido do satanismo), conforme diz a letra da música. O bode é uma representação da natureza, dos instintos e da força criativa e procriativa, e a prata é associada à Lua, ao feminino e à feitiçaria (não necessariamente “magia negra” como entendida popularmente).
Ainda do álbum “To The Unknown”, encontramos a sinistra música “Lucifer” cuja letra é quase uma paródia da oração judaico- cristã. Ao final, KING DIAMOND diz a palavra “Shemhamforash”, uma palavra hebraica que significa “nome explícito” e que “resume” os 72 nomes de Deus. Mas, no contexto da prática satanista, essa palavra expressa as 72 entidades da Goécia, um grimório de evocação falsamente atribuído ao Rei Salomão; entretanto, “Shemhamforash” é aqui vibrado pelo REI DIAMANTE, e pelo “Rei Diabo” LaVey e seus “discípulos” nos rituais da Igreja de Satã, juntamente com a saudação “Hail Satan!” (“Salve, Satã!”).
Os álbuns da banda KING DIAMOND são conceituais, como já mencionado, contando histórias de horror, mas fazendo referências satânicas e “sobrenaturais” que estão em toda a sua carreira com suas duas bandas.
Com todas essas letras de KING DIAMOND, é fácil pensar que suas ideias e arte são voltadas para o mal e para a danação humana. Contudo, é importante ressaltar que Deus e o Diabo não existem para a Igreja de Satã e para KING, já que o satanismo é focado no ateísmo e no materialismo, sendo uma filosofia voltada para vida material e tudo o que ela tem a oferecer de bom e proveitoso ao indivíduo. O satanismo moderno é cético, racional e autoindulgente, no qual não existe o conceito de “mal” como entendido pela grande maioria e pelos fanáticos religiosos. O satanismo moderno é a “religião” do prazer com responsabilidade e da autoadoração sem culpas inúteis e estagnantes, o que muita gente faz sem ter consciência disso (apesar de muitos outros sentirem culpa por seus prazeres). Portanto, o “rei satânico” KING DIAMOND ironicamente não cultua o Satã cristão, mas sim sua vida e arte, sendo seu trabalho representação, simbolismo, crítica sociorreligiosa e cultura artística.
Up the Kings!
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