É comum que nos deparemos com materiais dentro da tradição nórdica, comentando vários detalhes diferentes, referentes a diferentes Deusas e Deuses.É comum que a nós seja apresentada uma fórmula pronta, de como deve ser um Deus ou Deusa dentro do Folk, ou fora dele.Em muitos casos, a comprovação difere do que é dito, em grande parte ou em algum detalhe.
E somando-se a tudo isso, ocorreu também a infeliz infecção cristã dentro do que Snorri Sturlusson, veio a escrever ao compilar a Edda, sem mencionar no que veio a ser posteriormente adicionado até que esta começasse a circular em Islandês, sendo que este detalhe também veio a interferir de forma similar, na escrita de outros em tempos anteriores ao sistema cristão, como muito bem pode ter sido o caso de Saxo Grammaticus.
O que deve ser entendido é que simplesmente a forma de abordar a tradição nórdica, muda de acordo com a fonte tribal que está sendo abordada, e indo além disso, que muitos dos conceitos de outros povos a cerca de religiosidade ou de magia, não converge para a forma de pensar dos povos nórdicos, em especial no que se refere à Raiz Tradicional Germânica.
Um caso muito bem conhecido disto está vinculado ao Ragnarock, o chamado Crepúsculo dos Deuses.Ao observa-lo notaremos que o texto tem em si elementos naturais do fatalismo, ou guerra final, que aparecem dentro dos costumes monoteístas, herança direta do zoroastrismo, mitraismo, maniqueísmo, e da adoração a marduck, que veio a ser um quase monoteísmo na região suméria.
Sempre nestes casos há um antagonista do mal puro, inimigo de tudo que é bom, e sempre a personalidade de cada coisa é uni-direcionada exclusivamente para o sentido de bom ou mau, sem levar em conta as relevantes possibilidades e variáveis que possam advir das atitudes de cada um ou cada coisa.
Sempre há esta batalha final, onde tudo morre, deixa de ser e passa então ao “estranho” resgate final de uma população de coitados, que por serem suficientemente subservientes, foram escolhidos para compor o séqüito de servos subservientes, de um “deus” que ao acaso decidiu quem vai ou não continuar a existir. E notemos que este “deus”, sempre é o artífice o artesão de todo o processo, que leva ao embate e guerra final, sob o pretexto de purgar do pensamento independente de tudo que não é ele, todas as coisas no universo “que ele diz” que criou.
Vejamos que no caso do Ragnarock, os eventos que o desencadeiam rondam a Lauka, escoram-se em Lauka, e somente podem vir a ser por causa dele.Vejamos também que sempre é descrito como sendo glutão, e muitas vezes covarde e mentiroso, de personalidade dúbia, de palavra duvidosa, franzino, fraco e de mente sempre maligna.
Contrapomos então o que é descrito sobre Ele mesmo, com o fato de que não há Arma Divina Principal que não tenha sido engendrada pela sua presença (O Javali de Ouro de Freir, O Mjoulnir de Thor, Gungnir de Odin, Os Cabelos de Sif, etc...).
Vejamos que sobre o Brosingamen, os tempos quentes são citados como existindo sempre até que Loki ao roubar o Brosingamen de Freija, no decorrer dos fatos, acaba ficando com o mesmo por metade do tempo, gerando a Estação do Frio e Gelo, e que cabe aqui desde já que falemos que o frio sempre terá existido, para que a própria vida possa existir.
Tudo que se refere a Loki parece ter sido colocado por Snorri, como um pano de fundo cristão de roupagens nórdicas, onde em seu texto é impossível não olhar para Loki e ver que foi feita uma construção para liga-lo ao lúcifer dos cristãos. Pode ser que Snorri não tenha tido outra alternativa, dadas as condições de perseguição da época, ou pode ser que não tenha tido condições mentais de fugir do condicionamento cristão a que tanto estava acostumado, mas o fato é que muito do que se refere dentro da temática de Loki, e de tudo que a ele está ligado, deve ser experimentado e pensado em outros prismas, em outras formas de ser e observar. E indo além disso, muito provavelmente, na maioria dos casos tradicionais, devemos tomar muito cuidado, para que não seja Vodan visto como outro jeova ( como muitos universalistas tem o hábito de falar, em sua enorme ignorância), ou mesmo ver a Baldher como outro jesus (como é possível ler em muitas tolices escritas na Web, e em muitos livros de gnose).
Vejamos que segundo a tradição germânica, Lauka muitas vezes é visto como filho de um gigante do gelo, e muitas vezes seu nome aparece como sendo Loge, o irmão de Wotan, aquele de onde provém do Calor que acabou por dar vida ao primeiro casal de humanos. E há relatos populares de frases em que o povo acostumou-se a dizer que “...quando o fogo está estalando, é a voz de Loki que crepita na fogueira...” .
Temos também que lembrar que Loki tem livre acesso aos mundos do Hell e Swartalfheim (notemos que Hell é descrita em traduções como escuridão, e Swart igualmente quer dizer escuro, e temo a Sudri/Surtr o gigante de Fogo de Musphelheim).
Agora, usando-nos do que podemos pegar em pesquisas, devemos nos lembrar que Loki sempre é descrito como sendo “O Irmão de Sangue de Odin”, e que toda oferenda para Odin deve ser seguida de uma oferenda para Loki, em iguais proporções, e que raciocinando assim, onde estiver a Odin estará a Loki.
Muito provavelmente, este antiqüíssimo Deus Germânico, possuía um culto próprio tão nobre e grandioso, como o são os cultos a Freiya e Wotan, e da mesma forma que como no culto a Tiw (que possuía seu nome em muitos lugares e locais das regiões nórdicas, de vários países, fato que demarca que seu culto foi muito forte em idades mais antigas), teve seu culto “tribalizado ao de Odin”, e lembremos também que há indícios de que Loki possuía mais 3 irmãos, Deuses de Ar, Terra, Água e uma terrível Deusa das Águas Profundas, em tempos antigos.
Todos estes fatos indicam, como foi escrito acima, que os vínculos de adoração e de prática são específicos Para Cada Tribo, e que por este mesmo motivo as raízes de cada Tribo devem ser respeitadas, para que possamos encontrar por estas raízes, tanto o purismo, quanto enfocar de forma correta o correto e concreto acesso ao Deus, dentro de cada Raiz Tribal.
E o principal em tudo isto, é que nada disto dá concessão ou licença para deformar a pureza de uma tradição, por gostos pessoais, ou por adulteração proveniente de infecção de outras terras. Podemos citar por exemplo dentro da Saga de Siegfried, que é dito em uma das versões, que o Fogo de Loge, mesmo Fogo que estava a volta de Brunhildr, ao carbonizar ao corpo de ambos, durante a cerimônia fúnebre de Siegdried, estava consumindo em flamas também ao Vallhol, e que este veio a ser o crepúsculo dos Deuses, e que em outro ponto da mesma saga, pouco antes, Cremildr usa-se dos seguintes termos: “...E com eles morrem os Deuses...” .
Vemos aqui mais uma vez o elemento cristão do fogo como sendo uma praga, que causa a danação eterna a todo e qualquer ser que toque nele, e uma punição pelo paganismo dos que estavam envolvidos em todos os fatos.
Cada uma das diferenças que existem na abordagem de cada tribo, ressalta simplesmente que sobrevive a Deusa ou o Deus, dentro de cada ramo de tradição, e continua a influencia-lo apesar das diferenças, por mais que o tempo venha a passar, e que estas diferenças acabaram levando aquele que estiver interessado, em direção do foco raiz de onde todos os outros focos tenham vindo.
Loki é o Fogo em nosso sangue, e a engenhosidade febril que trabalha incessantemente para o desencadear de tudo que deve ser feito, assim com é o fogo que arde e move a vida a nossa volta, sendo ele mesmo chave de acesso as ramificações do fogo em cada um dos mundos, uma vez que tem livre acesso a todos estes mundos.
Normalmente nestes cultos que acusam ao Fogo de ser o Artífice da entropia, ou aquilo que expressa ao mal, podemos observar a repressão sexual e a tendência ao que se pode chamar de “homo-sexualismo espiritual assexuado”, pois sempre ali é um Deus Homem, que emite um Filho divino masculino, que nasce de uma mulher que não teve relações sexuais com o Deus, ou seja o Deus a vê como algo que lhe causa nojo, e que vem para salvar apenas aos homens, uma vez que sempre foi dito que a mulher não tem alma, pois a alma está no sêmen, segundo o monoteísmo, e assim a mulher somente tem alma quando está grávida. E somente em tempos mais recentes os monoteístas modificaram esta “pérola” de conhecimento, pois as mulheres agora trabalham e votam.
Nossas Festas Sagradas, prescindem do Fogo ao Centro, nosso motor e meio de poder, nosso canalizador a condensador de poder. Fogo nas Alturas, Fogo no Centro da Terra, Fogo no Centro da Humanidade. Assim, a pergunta que se faz é : “Como em sã consciência, alguém pode levar ao pé da letra tudo o que se diz e se apregoa a respeito de Loki?” .
A resposta somente pode ser comodismo, falta de vontade, falta de conhecimento, e acima de tudo, falta de respeito para consigo mesmo e falta de respeito para com os Deuses. E assim, vemos uma das maiores diferenças entre o Odinismo e o Asatru, e isso sem mencionar outras aberrações Universalistas.
Que Pensamos, e Usamos dos 3 presentes dos Aesires Primordiais, a não apenas levamos um texto de forma dogmática, como um delírio gosphel, pois efetivamente tomamos contato com nossos Deuses e deste contato provém o destilar e o conhecer de sua tradição, indo sim para dentro das Eddas, mas com o uso tanto da sabedoria como também da Magia que é nosso status e prerrogativa próprio, estando assim equipados com o necessário para o devido resgate de nossa Raiz Tradicional Germânica.
Loki é o Fogo que arde ao centro, e por meio dele as armas são forjadas, o conhecimento encontra uso, e o Êxtase de Wotan expressa-se fundido com o poder de transformação e de criação, duas forças irmanadas que juntas nos demonstram muito do que o Folk é capaz.
Mas também o Fogo pode queimar e destruir, se não for devidamente manejado, e nisto sim reside qualquer ponto de advertência para os que venham a lidar com Loki, quando aceitos por ele, que a sabedoria e o tempo são excelentes instrutores em suas artes, e que devem ser empregadas junto com a impulsividade natural dos que manejam o Fogo, para que então venham a ser criadas as mais perfeitas artes.
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