"Eles vieram das estrelas e trouxeram Suas imagens Consigo"
(Pg. 129)
Trata-se de uma entidade cósmica, um dos Grandes Anciões que desceram à terra há milhões de anos atrás.
A criatura foi primeiramente retratada no conto O Chamado de Cthulhu (1926). Uma narração em primeira pessoa sobre um homem que, após a morte do tio-avô, recebe “de herança” uma misteriosa imagem, e decide pesquisar sobre ela e os estudos que o falecido parente fazia.
Mas como ele é?
Bem, ninguém pra descrever melhor que o próprio criador, não é mesmo?:
"Representava um monstro de traços vagamente antropoides, mas com uma cabeça de polvo cujo rosto era um amontoado de tentáculos, um corpo escamoso, prodigiosas garras nas patas dianteiras e traseiras e longas asas estreitas nas costas. A coisa, que transpirava uma terrível malevolência sobrenatural, tinha um aspecto inchado e sentava-se em uma pose vil sobre um bloco ou pedestal retangular coberto por caracteres indecifráveis. A ponta das asas tocava a borda traseira do bloco e o corpo ocupava o centro, enquanto as longas garras curvas das pernas traseiras, que estavam dobradas, agarravam-se à borda frontal e estendiam-se para baixo em direção à base do pedestal. A cabeça do cefalópode projetava-se para a frente, de maneira que a ponta dos tentáculos faciais tocava o dorso das enormes garras dianteiras, que cingiam os joelhos da criatura sentada.”
(O Chamado de Cthulhu, pg. 111 ~ 112.)
Ou seja Lovecraft gostava de dizer que era uma criatura simplesmente indescritível, e que apenas olhar para ela causava a total insanidade.
A “origem” do Cthulhu é incerta também. Parece que ele veio de um planeta chamado Vhoorl, mas é totalmente não - confirmado. A única certeza mesmo é de que ele não pertence a este planeta, e que veio de um que fica a milhões de anos-luz da Terra.
Uma vez aqui, eles influenciaram as criaturas que já habitavam este planeta para que os idolatrassem e os cultuassem. Com o surgimento dos humanos (Lovecraft criou a teoria de que os próprios Anciões teriam nos criado!), Cthulhu, que seria uma espécie de sacerdote dos Anciões (ou chefe deles, é uma teoria incerta) começou a enviar sonhos para que as pessoas continuassem a cultuá-los, assim como faziam aqueles que existiam antes deles (Supostamente híbridos de peixe, visto em Dagon).
Cthulhu e os outros moravam em uma cidade chamada R’lyeh, uma cidade de formas misteriosas, “ciclópica”, como dizia o próprio Lovecraft. E, quando esta cidade afundou (Atlântida?), os cultos começaram a reduzir, sobrevivendo em pequenos logadouros da Arábia, China e países gelados como Groenlândia e Islândia:
“Quarenta e oito anos antes, o professor Webb havia participado de uma excursão à Groenlândia e à Islândia em busca de inscrições rúnicas que não foram encontradas; e, nos picos do oeste da Groenlândia, descobriu uma tribo ou um culto singular de esquimós degenerados cuja religião, uma forma curiosa de adoração ao demônio, engrelou-lhe os ossos com a sanguinolência e o horror deliberados. Era uma crença sobre a qual os outros esquimós pouco sabiam, mencionada sempre em meio a calafrios; diziam que se originara em éons pavorosamente remotos, quando o mundo sequer existia. Além de ritos indescritíveis e sacrifícios humanos, havia sinistros rituais hereditários que rendiam homenagem a um demônio supremo e ancestral [...]. Tendo transcrito e copiado um rito de tradição oral praticado pelos adoradores que a polícia havia prendido nos pântanos, o inspetor solicitou ao acadêmico que tentasse relembrar as sílabas colhidas entre os esquimós diabolistas. Começou então uma minuciosa comparação de detalhes, e fez-se um instante do mais espantoso silêncio quando o detetive e o cientista concordaram na identidade da frase comum a dois rituais infernais situados em mundos tão diversos. O que tanto os feiticeiros esquimós quanto os sacerdotes do pântano de Louisiana cantavam aos seus ídolos era algo como o que segue, sendo as divisões entre as palavras meras suposições baseadas nas pausas feitas durante a entoação das frases:
“Ph’nglui mglw’nafh Cthulhu R’lyeh wgah’nagl fhtagn”
[...]
A tradução era algo como:
“Na casa em R’lyeh, Cthulhu, morto, aguarda sonhando”...”
(O Chamado de Cthulhu, pg. 112 ~ 113)
Aqueles que os cultuam aguardam ansiosamente a volta de Cthulhu e dos Anciões, que despertarão das profundezas de R’yleh, quando as estrelas se alinharem, e tocarão o terror mais uma vez. O culto ganhou o nome popular de “Culto ao Cthulhu”.
R'yleh Imagem ao lado
A criatura não aparece apenas nesse conto. Cthulhu e os Anciões são mencionados em muitas outras obras de Lovecraft, como O Assombro das Trevas, por exemplo, além de O Sussurro das Trevas, Nas Montanhas da Loucura, e muitos outros que englobam o famoso Cthulhu Mythos, nome dado aos contos que retratam essas criaturas, especificamente:
“...notou que as figuras eram de uma raça monstruosa e inteiramente alienígena; representações de entidades que, embora parecessem vivas, não guardavam semelhança alguma com as formas de vida que evoluíram em nosso planeta...”
(O Assombro das Trevas, pg. 83)
E, pois é, o sucesso dos personagens, do culto e, enfim, de praticamente tudo, foi TANTO, que de fato existem cultos reais ao Cthulhu!
Uns são meio satânicos, outros tratam mais como uma filosofia, um modo de ver o mundo, de estudá-lo, e afins.
Fãs de Lovecraft cultuam o panteão por ele criado como se religião fosse. Cthulhu, apesar de não ser a criatura mais poderosa, é o mais famoso. Dentre os mais interessantes estão:
Azathoth – um ser gigante com enorme força, que reina no centro de infinidade de maneira descuidada.
Dagon - um deus que gerou uma raça de criaturas conhecidas como os Deep Ones, que parecem ser metade homem, metade peixe. Dagon não foi uma invenção Lovecraftiana – foi a principal divindade dos filisteu.
Hastur - um deus maléfico, às vezes chamado de “ser que não deveria ter nome”, pois era conhecido por aparecer sempre que alguém dizia seu nome, geralmente de mau humor.
Nyarlathotep – também conhecido como “O rastejante caos”, espírito e mensageiro de Other Gods (seres cujo poder impede o crescimento até mesmo dos Great Old Ones), ele apresenta formas infinitas e parece ter um senso de humor malicioso.
Shoggoths - criados pelos Elder Things para trabalharem como escravos, essas criaturas poderiam assumir qualquer forma com seus corpos pegajoso.
Yog-Sothoth – o deus ‘completo’, que protege toda a existência e o tempo, bastante mencionado no livro místico “Necronomicon”.
Como se pronuncia Cthulhu?
Na verdade, ninguém sabe, exatamente. O próprio Lovecraft disse que qualquer tentativa de pronúncia seria apenas uma aproximação com o nome verdadeiro. Uma vez que a linguagem dos Anciões é deveras diferente da dos humanos.
A pronúncia do nome Cthulhu é outro ponto muito discutido entre os Lovegeeks. Lovecraft afirmava que a linguagem dos Old Ones não era compatível com a fala dos humanos, e qualquer tentativa do homem de pronunciar Cthulhu seria, na melhor das hipóteses, uma aproximação. Lovecraft era inconsistente quando sugeria formas de pronunciar o nome, mas o exemplo mais citado é “khûl-lhoo”, com uma vocalização gutural na primeira sílaba. A pronúncia mais comum entre os fãs de Cthulhu parece ser “kuh-THOO-loo”. A origem do termo é muito questionada. Ela poderia ter origem árabe khadhulu (“aquele que abandona”, em outro sentido, inclusive no próprio Corão, “satã”). Cutha era chamada uma antiga cidade da Babilônia, cujo nome foi dado a uma tábua, que apresenta um relato da “criação”. Ainda no árabe, Khado é uma palavra popular pra “demônio-fêmea mau”. Outra possibilidade, do sânscrito, Kutila, que significa “curvo, encurvado, torcido, sinuoso; astuto, arteiro, enganoso.
E não podemos nos esquecer que, como o modo que Lovecraft escrevia era muito próximo de nos confundir com a realidade, há mesmo especulações de que o Cthulhu possa MESMO existir!
Lembrando que acham que ele é um dos “culpados” da criação do Bloop. E é de se espantar que o Bloop tenha surgido um pouquinho “longe” de onde supostamente fica R’yleh!
Em O chamado de Cthulhu, Lovecraft revela muita coisa sobre o monstrengo. Cthulhu tinha dominado a Terra uma vez e que, um dia, ele o faria novamente. À medida que a história se desenvolve, o narrador descobre que Cthulhu ficou preso em uma cidade de pedra, chamada R’lyeh, no fundo do oceano, mas que um terremoto trouxe parte da cidade de volta à superfície. Segundo o conto, ela fica a S 47 9′, W 126 43′ 47″.
Em 1997, a Marinha dos Estados Unidos detectou um misterioso som no fundo do Oceano Pacífico. Os microfones colocados embaixo d’água, originalmente para direcionar os submarinos soviéticos durante a Guerra Fria, registraram um som repetitivo e alto em um nível muito baixo, próximo ao S 50, W 100. Ao acelerar digitalmente o som (que, inalterado, dura mais que um minuto), é como um “ruído”. O barulho assemelha-se ao de uma baleia, mas biólogos afirmam que teria que ser uma baleia muito maior do que qualquer uma já vista pelo homem para fazer o barulho. Alguns fãs de Lovecraft sugerem que o ruído vem do Cthulhu, já que possivelmente ele ronca dentro das paredes de R’lyeh.
Quer ver os dois? Abra seu Google Earth e divirta-se:
R'yleh: S 47 9′, W 126 43′ 47″
Bloop: S 50, W 100
De qualquer forma, real ou não. Cultuado ou não. Vivo ou não (?). O Cthulhu é de fato a maior criação de H.P Lovecraft, senão da ficção científica e do terror.
Ele se tornou um símbolo para aqueles que apreciam os gêneros, um sinônimo de monstruosidade e terror absoluto.
Curiosidades:
Muitas bandas de música fazem verdadeiras homenagens à Cthulhu, como Metallica, nas músicas The Call Of Ktulu (faixa instrumental) e The Thing That Should Not Be (Hybrid children watch the sea / Pray for Father, roaming free / Fearless Wretch / Insanity / He watches / Lurking beneath the sea / Great Old One / Forbidden site / He searches / Hunter of the Shadows is rising / Immortal / In madness / You dwell) e Black Sabbath, na música Behind The Wall of Sleep (Now from darkness, there springs light / Wall of Sleep is cold and bright / Wall of Sleep is lying broken / Sun shines in, you are awoken).
Nenhum comentário:
Postar um comentário