13 de abril de 2013

Zeus: O senhor do Olimpo


Zeus é o mais importante dos deuses do panteão grego. Domina o céu e os fenômenos atmosféricos (chuva, raios e relâmpagos), principalmente; mantém a ordem e a justiça no mundo, pois distribui os bens e os males.

Os epítetos de Zeus nos poemas homéricos, nossa fonte mais antiga, confirmam sua estreita ligação com os fenômenos atmosféricos: "amontoador de nuvens", "trovejante", "o que lança o raio". Na Ilíada, era já considerado filho de Cronos e Réia, irmão de Hades e Poseidon, e marido de sua irmã Hera. Para os gregos, era o mais poderoso e o mais importante de todos os deuses.

Zeus zelava pelo respeito das hierarquias entre os mortais, como o fazia também entre os deuses, vigiava a hospitalidade no mundo, protegia as famílias, as linhagens e as casas,garantia os casamentos, defendia a lei e os seus códigos reguladores. Era protetor também  da ordem social (matou Asclépio, divindade da medicina que ressuscitara alguns mortos, o que podia, segundo Zeus, alterar a ordem do Universo, de que ele era o guardião).

 À parte nas inúmeras aventuras amorosas,Zeus tinha que ter uma postura sóbria e nunca ceder a caprichos, assumindo-se como um deus responsável, pois uma das suas grandes prerrogativas era ser a divindade Providencial. Mas mesmo na paixão alinhou sempre por este diapasão da responsabilidade dos destinos do panteão e do povo gregos

Zeus participa de muitas outras lendas; as mais notáveis são a titanomaquia, as lutas contra Tífon e contra os gigantes, e as aventuras amorosas.

Nascimento

Cronos teve diversos filhos com Réia: Héstia, Deméter, Hera, Hades e Poseidon, porém engoliu-os todos assim que nasceram, após ouvir de Gaia e Urano que ele estava destinado a ser deposto por seu filho, da mesma maneira que ele havia deposto seu próprio pai - um oráculo do qual Réia tomou conhecimento e pôde evitar.

Quando Zeus estava prestes a nascer, Réia procurou Gaia e concebeu um plano para salvá-lo, para que Cronos fosse punido por suas ações contra Urano e seus próprios filhos. Réia deu à luz a Zeus na ilha de Creta, e entregou a Cronos uma pedra enrolada em roupas de bebê, que ele prontamente engoliu.

Infância

Réia teria escondido Zeus numa caverna no Monte Ida, em Creta. De acordo com as diversas versões da história, ele teria sido criado:
-por Gaia;
-por uma cabra chamada Amaltéia, enquanto um pelotão de Kouretes - "soldados", ou "deuses menores" - dançavam, gritavam e batiam suas lanças contra seus escudos para que Cronos não ouvisse o choro do bebê;
-por uma ninfa chamada Adamantéia; como Cronos era senhor da Terra, dos céus e do mar, ela o escondeu pendurado por uma corda de uma árvore, de modo que ele, não estando nem na terra, nem no céu e nem no mar, teria ficado invisível para seu pai.
-por uma ninfa chamada Cinosura; como agradecimento, Zeus a teria colocado em meio às estrelas.
-foi criado por Melissa, que o amamentou com leite de cabra e mel.
-foi criado por uma família de pastores sob a condição de que suas ovelhas fossem salvas dos lobos.

Rei dos deuses

Após chegar à idade adulta, Zeus forçou Cronos a vomitar primeiro a pedra que lhe havia sido dada em seu lugar - em Pito, sob os vales do Parnaso, como um sinal para os mortais: o Ônfalo, "umbigo" - e em seguida seus irmãos, de acordo com a ordem em que haviam sido engolidos. Em algumas versões, Métis deu a Cronos um emético para forçá-lo a vomitar os bebês, enquanto noutra o próprio Zeus teria aberto com um corte a barriga de Cronos. Em seguida Zeus libertou os irmãos de Cronos, os Gigantes, os Hecatônquiros e os Ciclopes, que estavam aprisionados num calabouço no Tártaro, após matar Campe, o monstro que os vigiava.

Para mostrar seu agradecimento, os Ciclopes lhe presentearam com o trovão e o raio, que haviam sido escondidos anteriormente por Gaia. Zeus então, juntamente com seus irmãos e irmãs, os Gigantes, Hecatônquiros e Ciclopes, depuseram Cronos e os outros Titãs, durante a batalha conhecida como Titanomaquia. Os Titãs, após serem derrotados, foram despachados para o Tártaro, enquanto um deles, Atlas, foi condenado a segurar permanentemente o céu.

Após a batalha contra os Titãs, Zeus dividiu o mundo com seus irmãos mais velhos, Poseidon e Hades: Zeus ficou com o céu e o ar, Poseidon com as águas e Hades com o mundo dos mortos (o mundo inferior). A antiga Terra, Gaia, não podia ser dividida, e portanto ficou para todos os três, de acordo com suas habilidades - o que explica porque Poseidon era o "sacudidor da terra" (o deus dos terremotos), e Hades ficava com os humanos que morreram.

Gaia, no entanto, não aprovou a maneira com que Zeus tratou os Titãs, seus filhos; logo após assumir o trono como rei dos deuses, Zeus teve de combater outros filhos de Gaia: o monstro Tífon e a Équidna. Zeus derrotou Tífon, aprisionando-o sob o Monte Etna, porém poupou a vida de Équidna e seus filhos.

Amores e Descendência


Se as lutas pelo poder por parte de Zeus são célebres, mais o são as suas uniões, conjugais ou, principalmente, extra-conjugais. A sua primeira esposa foi Métis, filha de Oceano, que dele gerou Atena (nascida da cabeça do deus, já armada, depois do deus ter engolido Métis, grávida, É que, de acordo com os avisos de Geia e Urano, de Métis nasceriam filhos capazes de fazer frente ao pai. Quando chegou o momento do parto, Prometeu fendeu com um golpe de machado o crânio de Zeus de onde saiu, completamente armada, a sua deusa Atena.); depois seguiram-se Témis, uma Titânide (que lhe deu as Horas e as Moiras como filhas), Dione, outra Titânide (da qual teve Afrodite) e Eurímone, também filha do Oceano, (que dele teve as Graças: Aglaia, Eufrósina e Talia). Ainda nas uniões divinas, Zeus desposou também a Titânide Mnemósine (de quem teve as Musas), Latona (ou Leto, que gerou do deus os gémeos Apolo e Artemisa), a sua irmã Deméter (a filha desta união chamava-se Perséfone) e, por fim, a mais célebre das suas esposas, a ciumenta e vingativa Hera, casamento sagrado (no Jardim das Hespérides) da qual teve Ares, Hebe, Ilítia e Hefesto (embora se diga que este era exclusivamente filho de Hera). Esta união seria mais antiga, pré-nupcial, e seria até o grande amor de sempre de Zeus, apesar das suas infidelidades e aventuras. Entre as ligações de Zeus com figuras humanas, que muitas foram, destacam-se Alcmena, de que nasceu Hércules (Héracles, em grego), Dánae (Perseu), Europa (de quem teve Minos e Radamante), Leda (a mãe dos Dióscuros e de Helena), Maia (mãe do deus Hermes), Pluto (de que nasceu Tântalo) ou ainda Sémele (mãe de Dionisio).

Por estas e por muitas outras uniões está Zeus quase sempre na origem de inúmeras linhagens, divinas ou humanas, mas todas de grande influência na mitologia grega. No entanto, as uniões de Zeus com os mortais tinham intenções providenciais, de acordo com as funções sagradas e supremaciais de Zeus. Por exemplo, Helena terá nascido para que pudesse desencadear um conflito entre os gregos da Europa e os da Ásia Menor (Troia), de forma a diminuir a excessiva população em torno do mar Egeu; ou Hércules, que seria o herói de que o Olimpo precisava para libertar a Terra de uma série de monstros e poderes nocivos. Estas uniões despertaram sempre ciúmes e raiva em Hera, a sua esposa; daí, segundo alguns autores tardios, as metamorfoses de Zeus, que serviam para ele se ocultar de Hera e poder ter as suas providenciais uniões extra-matrimoniais.

Diversos mitos mencionam o sofrimento de Hera com o ciúme gerado por estas conquistas amorosas, e a descrevem como uma inimiga consistente das amantes de Zeus e de seus filhos. Por algum tempo uma ninfa chamada Eco foi encarregada de distrair Hera falando incessantemente, afastando assim sua atenção dos casos amorosos de seu marido; quando Hera descobriu o estratagema, condenou Eco a repetir permanentemente as palavras de outras pessoas.

Poder


O poder de Zeus se manifestava tanto pela força irresistível, que assegurava sua preeminência entre os demais deuses, como pela inesgotável capacidade fertilizadora.

A ascensão ao poder foi assegurada pela vitória na titanomaquia, que simboliza a vitória dos novos deuses sobre as antigas divindades dos povos pré-helênicos. Zeus venceu, igualmente, todas as ameaças e rebeliões, e por isso era sempre associado à vitória e ao triunfo em batalha.

O domínio de Zeus representava a ordem cósmica, e foi consolidado também através de casamentos e ligações amorosas com diversas deusas e mulheres mortais, o que refletia seu caráter fertilizador. Em decorrência de suas numerosas aventuras, popularizadas pelos mitógrafos por causa dos disfarces que usava, Zeus teve numerosos filhos, entre deuses, heróis, reis e outros mortais, sempre à revelia da ciumenta Hera, sua esposa legítima.

Em sua sabedoria e soberania inconteste, era Zeus quem tomava as decisões que influenciavam a evolução do mundo e já era chamado de pai — ou rei — dos deuses e dos homens, possivelmente, desde os tempos micênicos. Seu poder não era, no entanto, absoluto e indiscriminado; na Ilíada é nítido o respeito que tinha pelas divindades mais antigas, como Nix, a noite, as Moiras e, de certa forma, também pelos deuses a ele subordinados.

Zeus personificava a justiça divina, e sua imparcialidade era simbolizada pela balança com que "pesava o destino" dos homens. A soberania dos reis e por extensão as leis humanas e a justiça também vinham dele; por isso, a maioria dos reis helênicos mais antigos, como Minos e Tântalo, eram considerados filhos de Zeus. Sob sua proteção estavam também os juramentos, os suplicantes e os hóspedes.

Iconografia e culto


Zeus é representado geralmente como um homem maduro, sentado em um trono com um cetro e um ou mais raios nas mãos; em sua companhia há frequentemente uma águia, animal que lhe era dedicado.

Seus santuários e templos eram particularmente grandiosos, como o de Dodona, onde ficava um antigo oráculo, e o de Olímpia, onde havia uma famosa estátua esculpida por Fídias no século V. Os Jogos Olímpicos e os Jogos Nemeus eram celebrados em sua honra.

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