" Saindo do caixão!" A cena vampyrica e a cena vampirica, usando o Y apropriadamente:
Denomina-se cena vampyrica quando abordamos pessoas que vivem esta realidade em seus cotidianos, um estilo de vida, uma escolha, uma opção de ser assim elaborada e formada no trasncorrer de sua vida.Considera-se que apenas após atingir a maioridade legal essa escolha possa ter uma validade. Antes disso apenas, a pessoa está a conhecendo e formando sua base de escolhas.
Utiliza-se cena vapírica para designar tudo aquilo que se relaciona ao vampiro mitológico, cinematográfico, literário e afins. O mesmo se trata de um arquétipo, um mito, um símbolo e isso por sí já é deveras rico e complexo em termos cultural e de entretenimento.
Porém esta coluna é dedicada a cena Vampyrica, escreve-se com Y para designar essa diferença, seja em inglês, português ou onde se utilizar um alfabeto parecido. Crowley cunhou o termo Magick, com K que diferenciava seu sistema mágico dos outros vingentes. Os chamados "Neo-Pagões" (Não gosto de usar este termo, mas enfim) alegam que utilizam magick com K pois esta é a grafia antiga da palavra e este também é o seu diferencial. Logo, aqueles que optaram por se referir a vampyros com "y" e não com "i" tem as suas devidas razões sociais e o seu respectivo contexto.
A cena vampyrica e seus integrantes quese apresentem como vampyres, sâo aqueles que vivem neste contexto e não apenas agem assima os fins de semana. Em livros como "V" Book, Psychic Vampire Codex, Piercing the Darkness dentre outros, existe a expressão "Get out a Coffin!"(Sair do Caixão), utilizada para designar os integrantes da cena vampyrica que assumem publicamente seu estilo de vida na cena.
Cada um dos próximos grupos descritos tem suas próprias regras, contextos, sub-divisões, estéticas e histórias. Respeitar as mesmas é um pré-requisito. Um fato importante é que a Cena Vampyrica e a Cena Gótica vivem próximas, sendo que não é uma surpresa as pessoas frequentarem ambas as cenas, reconhecendo suas particularidades e características. Os grupos expostos a seguir são termos usados apenas para funções de organização, em nenhum momento para representar um rótulo limitante, visto que cada pessoa pode se encaixar simultamentamente em vários deles.
A cena vampyrica em maior ou menor grau interage e interfere com os seguintes grupos:
Fãs / Apreciadores: São aqueles que especificamente adoram filmes, revistas, livros, seriados, quadrinhos e afins que explorem a temática vampírica; São frequentadores de comic Shops, convenções de ficção cientifica ou de anime e por aí segue. Aqui no Brasil temos um dos maiores fãs do gênero vampírico da américa do sul com uma vasta coleção de material desde filmes, memorabilias e quadrinhos Adriano Siqueira [do site www.contonoturno.hpg.com.br].
É interressante dizer que muitas pessoas começam a se interessar pela cena vampyrica a partir deste primeiro contato. Este seria uma classificação mais dedicada as pessoas que se interessam pelos aspectos mais POPs.
Escolares / Pesquisadores: Dedicam seu tempo a estudarem e acompanharem o folclore, a mitologia, aspectos históricos, sócio-culturais, religiosos, arqutipicos e etc relacionados aos vampiros e vampyros. É comum encontrarmos aqui jornalistas, professores universitários, artistas, escritores e afins apaixonados pela temática relacionada a estes contextos abordados em nossa coluna; Neste grupo encontramos pessoas como Katherine Ramsland do livro Piercing the Darknes, Radu Florescu, Raymond T. Mc Nally e tantos outros; No caso esta cassificação seria mais apropriada aos que se interessam pelos aspectos históricos e culturais, documentados históricamente ou de modo mais "cientifico" .
Ocultistas / Magistas/ Bruxas: Existem aqueles que enveredam esta temática através do conhecimento revelado ou de um ponto de vista místico, mágico ou ocultista própriamente dito; Em parte é um grupo semelhante ao anterior, entretanto o enfoque e a abordagem é realizado por vias místicas; Exitem diferenças entre cada um dos três citados nessa classificação. Aqui no Brasil o autor que melhor faz essa leitura é o célebre ocultista Marcos Torrigo, do qual recomendamos o seu livro Vampiros a todos os interessados como um bom ponto de início; No exterior temos os trabalhos de Michelle Bellanger, Father Sebastian V e alguns poucos seletos. Apenas não recomendamos um autor chamado Konstantinos, visto que suas obras são terrivelmente dispersas e sem conteúdo.
Fashion / Modistas: Internamente na cena são chamados de "Gajas"; São pessoas fascinadas pela estética e indumentária da cena vampyrica, mas seu gosto pessoal tende para o vampiro midiático ou cinematográfico ; Eles não chegam a se apresentarem como vampyros ou assumirem diariamente e noturnamente este modo de vida. Entretanto aqui pode estar situado a linha divisória de uma pessoa entre seu despertar e assumir-se como um living vampyre.
Muita gente começa como um fan, acaba virando um fashion e por fim encontra seu despertar; Alguns da cena os chama de curiosos, e talvez estes sejam aqueles que merecem grande respeito por estarem ousando e procurando...como dizem em Nova York: " Não os levem a sério quando clamam terem centenas de anos...apenas lhes ofereçam instrução e contato, o tempo faz o resto."
Sang Vamps: O erro mais comum que as pessoas desinformadas fazem é acharem que todo vampyro bebe sangue. Outro erro é acharem que Sanguinarium (usado para se referir cena vampyrica) significa bebedor de sangue; Após corrigir esses dois erros comuns vamos abordar este tema controverso, o costume de ingerir pequenas quantidades do sangue de outro é raramente praticado na cena vampyrica, devido a vivermos no mesmo mundo da aids, hepatite, venéreas e outras dezenas de doenças que se contrae através do sangue. O novo Black Veil de 2006 já coloca o sangue como uma metáfora [ver a matéria], a Ordo Strigoi Vii, House Kheperu e tantas outras já possuem e ensinam formas mais efetivas de alimentação através da energia prânica aos seus iniciados.
Beber o sangue de alguém é perigoso demais!
Existem aqueles que realizam esta prática, mas isso acontece externamente a cena vampyrica, própriamente em cenas como a BDS&M por sua natureza mais reservada, conhecimento das práticas e grande consenso e conhecimento entre as partes envolvidas. Geralmente os poucos praticantes tem relacionamento monogâmico e estável há anos e alto nível de compromisso um com o outro. E principalmente não acontece em público devido aos riscos de infecção no próprio ar e do ambiente.
Os riscos são muitos e a segurança que envolve os praticantes é muito tênue devido os riscos de se contrair uma doença.
PSYVAMP: Atualmente o termo Psyvamp, tornou-se genérico e utilizado de modo negativo no exterior. Por convenção utilizou-se o termo Psyvamp, para tentar nomear essas práticas relacionadas a manipulação do Prana, internamente na Subcultura Vampyrica. Mas agora quase 10 anos depois, o termo caiu em desgaste, tornou-se inadequado, insuficiente e ultrapassado dado o aprofundamento que estas práticas já atingiram internamente e externamente á Subcultura Vampyrica. Já existindo termos mais apropriados e correntes para designar o uso e as respectivas técnicas de utilização do Prana - geralmente baseadas em técnicas de energização e afins.
Hoje em dia psyvamp É USADO NO EXTERIOR COM SENTIDO NEGATIVO DE SANGUESUGA ENERGÉTICO, VAMPIRO EMOCIONAL OU MESMO VAMPIRO PSICOLÓGICO - Em uma livre abstração e de forma ampla o termo Psyvamp corresponderia atualmente ao termo "Trevoso" da Subcultura Gótica no Brasil".
Swams: Termo usado para se referir as pessoas externas a cena que tem conhecimento de seus integrantes e de seus costumes. Se dividem unicamente em Black Swams = Simpatizantes da Cena Vampyrica e White Swams = Hostís a Cena Campyrica. Black Swams são simpatizantes do estilo de vida Vampyrico; São geralmente amigos, familiares, amantes, conjugê, professores e etc...
De qualquer modo estas pessoas não são vampyres, geralmente pertencem ou não a outras sub-culturas e nutrem simpatia pela cena vampyrica e seus integrantes. White Swam é um termo perjorativo usado para retratar pessoas hostís a Cena Vampyrica. São caracterizados assim as pessoas preconceituosas, conservadoras demais e que buscam hostilizar, provocar, ofender, agredir, dissimular e antagonizar quem vive em uma subcultura que lide melhor com os temas tabús da sociedade de massa.
OtherKins: Este é um fenômeno recente, complexo e com poucas fontes sérias de pesquisa ainda. Em poucas linhas podemos explicar que Other Kins são pessoas que sentem que suas almas nasceram em corpos errados. É uma cena emergente, suas primeiras aparições significativas, deixando apenas de ser algo individual e esboçando o que talvez venha a ser uma sub-cultura própria foram em meados de 2001. Ao que indica o evento chamado KinVentionNoth, ocorrido neste mesmo ano nas proximidades de Ontario, no Canadá foi a primeira manifestação cultural concreta deles. O que é um OtherKin?
Para a autora Michelle Belanger da House Kheperu:"São indivíduos que não identificam a sí mesmos como apenas humanos. Algo os faz se sentir diferentes, para alguns deles é uma diferença meramente espiritual e para outros pode ser algo genético que os diferencia da humanidade. Ao contrário de muitos New Agers que alegam terem algo semelhante mas serem ETs, os Otherkins se identificam com seres mitológicos." Segundo dizem as publicações disponiveis os Otherkins sentem que eles não são verdadeiramente estes entes mitológicos, eles apenas sentem que estas imagens arquetipicas são o que está mais próximo de identifica-los e ajudarem a se sentirem mais eles mesmos.
Este grupo existe em outros países e está se desenvolvendo no exterior, talvez se elaborem como uma cena daqui algum tempo. Estranho? Lembre-se do caso da re-leitura simbologia das bruxas na cultura de massas no começo da década de 1990? Lembrem-se do estabelecimento de uma cena vampyrica no final da mesma década? Ao que indica eles vieram para ficar.
Arasi: São pessoas que vivem pela internet alegando serem vampyros ou vampiros, algumas enveredam pelo tradicional vampiro cinematográfico, dizem ter centenas de anos, fazerem rituais, transformam pessoas em vampiros, são mestres-vampiros de ordens secretas e por ai vai. Na realidade são pessoas que não conseguem viver de verdade seus desejos ou que não tem coragem suficiente de encararem suas próprias vidas e se escondem por detrás dessa máscara. Recomenda-se extrema cautela ao lidar com tipos assim, pois você não sabe que tipo de esquizofrênico que você poderá encontrar. Um outro detalhe, muitos deles pesquisam sobre a cena e tentam manter sites , blogs ou comunidades virtuais para se aproximarem de suas vitimas, então lembre-se que toda cautela é pouca nessa hora. Discernimento é o que conta.
Cainus Lupus: É comum encontrar pela cena vampyrica do exterior muitos integrantes que vivenciam o xamanismo e veneram as suas diversas vertentes, seus animais de poder, totems, experimentando uma forte conexão com os mesmos, estas práticas são denominadas como "Therians". O maior grupo de praticantes na cena vampyrica se identificam com os lobos.
Alguns segmentos desse grupo se auto-intitulam "Lobisomens", filmes como Underworld, ou outros mais antigos e jogos de rpg retratam uma rivalidade entre vampiros mitológicos e lobisómens - o que é uma incongruência na mitologia e no folclore. E também entre a cena vampyrica e o grupo chamado Cainus Lupus, a convivência entre ambas é pacifica, civilizada e ordeira - sendo que é comum a interação e convivência entre membros de ambas os segmentos.
Fetish Vamps: Parte da cena vampyrica no exterior caminha próxima a cena do fetishismo e do BDS&M. Sendo que é comum encontrar na segunda muitos Fashion Vamp e alguns Vampyres, o que não é por sua vez uma surpresa. Visto que a cena gótica também tem suas vertentes que caminham próximas, não é exatamente uma novidade. Muitos fetishistas usam caninos vampíricos, lentes especiais, psicologia e atitudes semelhantes as dos integrantes da cena vampyrica e vice versa. Interessante é que na cena Fetish/BDSM existem algumas práticas de beber o sangue do parceiro, como um modo de excitação e sedução.
Entretanto isto é feito apenas em grupos muito pequenos ou entre o mesmo casal que possua relacionamento monogâmico e estável há anos e alto nível de compromisso um com o outro. E principalmente não acontece em público devido aos riscos de infecção no próprio ar e do ambiente. Os riscos são muitos e a segurança que envolve os praticantes é muito tênue devido os riscos de se contrair uma doença ou infecção ingerindo o sangue de outro.
RPGISTAS / LIVE ACTIONS: A febre global despertada pelo jogo de RPG Vampire: The Masquerade de Mark Rein -Hagen - principalmente em sua versão Live Action, que oferecia a oportunidade do jogador se sentir como um vampiro por algumas horas foi um fator extremamente aglutinante par as cenas góticas e a emergente cena vampyirca do exterior nos anos de 1991 a 1993. Segundo o pesquisador J. Gordon Melton Vampire: The Masquerade, é o mais bem sucedido role playing game (RPG), lançado até hoje.
Com influências pesadamente extraídas de Anne Rice se torna um jogo popular e começa despertar a atenção pública e torna-se comum em encontros desses jogos-encontrar pessoas que se denominavam " Strigoi Vii" que geralmente apenas observavam ou assistiam aos mesmos para procurarem por pessoas de pensamentos e idéias semelhantes; Principalmente quando os jogos eram ambientados em clubs góthicos nos Estados Unidos.
Entretanto para a maior parte de seus jogadores, ele é apenas um jogo e sua postura é bem clara neste aspecto, logo uma cena vampyrica e o referido jogo e seus apreciadores são elementos distintamente diferentes. E confundir ambos é uma grande falta de cortesia e de ética.
CENA GÓTICA: As primeiras evidências do que viria ser conhecido como cena vampirica, passou a se organizar nos EUA em meados de 1975 com a House Sahajaza um coven de praticantes de Paganismo relacionados a vertentes mais obscuras do mesmo. Ainda em 1975 é fundado também o Templo de Seth de [uma facção que havia se desligado da Church of Satan], este grupo viria a desenvolver posteriormente um grupo de elite chamado de Order of Vampire. E certamente não podemos esquecer que em 1976 - Anne Rice publica "Entrevista com o Vampiro" onde o vampiro é apresentado como uma criatura diferente de tudo que havia sido feito até aquele momento, e esta nova ótica disparada por Anne Rice viria a mudar e influenciar tudo aquilo que ocorreu depois sobre o arquétipo do vampiro.
Na década posterior, paralelo a cena góthica havia um sem número de fanzines dedicados ao vampiro com contos, histórias e etc. Porém a quantidade de pessoas que vivenciavam um estilo de vida vampírico estava lá - eram os leitores e produtores dos mesmos zines e livros. O fenômeno também se repetia no continente europeu. Como os vampiros ainda não desenvolviam uma cena própria eles eram uma das inúmeras vertentes que freqüentava a cena góthica de 80, assim como o gls, eletrônicos e outros.
O ano de 1985 é citado pelo folclorista Norine Dresser como o momento em que já haviam grupos fechados de pessoas que viviam no seu cotidiano oficialmente como um vampiro. Neste ano é dito que as cenas vampiricas e góthicas começam a se tornar cenas distintas em cidades como Los Angeles e New York. Enquanto que a cena vampyrica se envolve diretamente com o mito do vampiro e o traduz para o seu dia a dia, através de ordens e grupos de estudos e praticantes, a sub-cultura góthica relaciona-se com o arquétipo do vampiro apenas como meio psicológico e estético de transcender valores e comportamentos arcaicos e preconceituosos da sociedade atual. Sendo ainda que o enfoque utilizado é mais semiótico e psicológico do que propriamente relacionado ao oculto e a magia.
Logo, ambas as cenas são elementos distintos. No exterior existem cenas "góthicas" e "vampyricas" ambas com características e costumes próprios, existe diálogo, civilidade, respeito e convivio entre apreciadores de ambas as cenas. Exite também o intecâmbio de bandas como Cruxshadows, URN, Vargotah, Seraphim Shock e outras mais.
Afinal ambas as cenas reconhecem que são subculturas próprias.
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