1 de março de 2012

Bram Stoker

Abraham Stoker nasceu no dia 8 de novembro de 1847, em Clontarf, Dublin, Irlanda. Terceiro filho de um total de sete irmãos, sofreu nos primeiros anos de sua vida com uma saúde frágil que o impedia de até mesmo de se locomover. Neste período, o infante Bram Stoker passava seu tempo ouvindo histórias de sua mãe e lendo compulsivamente livros e contos de terror sobrenatural. Certamente, esta fase contribuiu muito para o seu desenvolvido criativo.
Com 15 anos de idade ingressa no tradicional Trinity College de sua cidade natal e, mesmo com a saúde vulnerável, dedica-se com êxito às atividades esportivas. Imerso no ambiente acadêmico e intelectual, o jovem Stoker passou a integrar a chamada Sociedade Filosófica; onde teve a oportunidade de produzir um ensaio intitulado Sensationalism in Fiction and Society. Posteriormente, ainda viria a ocupar a função de auditor da Sociedade Histórica e presidir a Sociedade Filosófica.

No ano de 1866, Stoker, assim como seu pai, passa a trabalhar no funcionalismo público no castelo de Dublin. Forma-se em matemática em 1870, mas, mesmo graduado, dá continuidade aos estudos diariamente por meio período. O interesse de Stoker pelo teatro levou-o a oferecer-se voluntariamente (e sem remuneração) como crítico do jornal Dublin Evening Mail. Suas críticas inteligentes e embasadas elevaram seu nome junto aos meios sociais, artísticos e intelectuais da cidade. Assim, passa a conviver com personalidades influentes chegando até mesmo a conhecer Oscar Wilde, Arthur Conan Doyle e William Butler Yeats.
No ano de 1873, é convidado a assumir a editoração do jornal Irish Echo (que mais tarde seria rebatizado como Halpenny Press), trabalhando sem remuneração salarial e por meio período. Entretanto, o impresso não obteve o sucesso esperado e Stoker abandonou a atividade no ano seguinte.
A partir deste momento, passa a produzir seus primeiros contos e peças ficcionais que eram publicados em jornais da cidade. The Chain of Destiny foi seu primeiro trabalho na linha do terror sobrenatural, publicado em 1875 no periódico Shamrock.
No ano seguinte, o autor inglês Henry Irving assume a direção do Royal Lyceum Theatre, de Londres, e convida Stoker para ocupar a função de gerente. Neste mesmo período, Stoker casa-se com a atriz Florence Balcombe, uma das mais belas mulheres Dublin. Um fato interessante é que Florence havia sido prometida como esposa à Oscar Wilde; entretanto, optou pelo casamento com Stoker devido seu emprego e estabilidade junto ao governo.
Os primeiros anos em Londres foram bastante intensos e produtivos. Em 1879 publica The Duties of Clerks of Petty Sessions in Ireland; no mesmo ano nasce Noel, único filho do casal. Under the Sunset, uma coletânea de contos infantis, foi publicada em 1882. Neste momento, inicia-se a fase mais criativa e próspera da vida de Bram Stoker.
Seu cargo no Lyceum Theatre o colocava em contato com o núcleo intelectual londrino. Assim, no final desta década, publicou seu primeiro romance: The People (1889). Nos anos seguintes, são publicados O Castelo da Serpente, The Watter’s Mou e Croken Sands e The Shoulder of Shasta.
Em maio de 1897, publica a obra que incluiria seu nome definitivamente na literatura mundial: Dracula. O romance epistolar, permeado pelo horror tétrico e sobrenatural, aborda a trajetória do diabólico Conde Drácula, da Transilvânia à Inglaterra; pautado ainda por personagens célebres como Jonathan Harker e Abraham Van Helsing.
A publicação de Drácula encontrou uma boa receptividade em alguns críticos que o consideraram uma rara combinação de um tema lúgubre com uma trama bem construída. Por outro lado, gerou opiniões contrárias em relação à abordagem e à temática tétrica. Na ocasião do lançamento, Stoker promoveu uma leitura do texto no Lyceum durante quatro horas. Entretanto, da mesma forma que o livro, as condições e referências usadas como base para sua composição, despertam interesse e suposições por parte de críticos, estudiosos e leitores.
A inspiração para o enredo pode ter sido extraída de um sonho do autor no qual um vampiro emergia do túmulo. A obra Carmilla (Sheridan Le Fanu – 1872) e The Vampyre (Polidori – 1819) possivelmente influenciaram a temática e o aspecto literário. Da mesma forma, o interesse de Stoker pela biografia de Vlad Tepes contribuiu na elaboração do personagem principal. Ainda, a personalidade autoritária de Henry Irving pode se refletir nas características do próprio Conde Drácula. Enquanto que o comportamento dominante de Florence sobre Stoker pode ter ser sido referenciada inversamente na dominação de Drácula sobre o sexo feminino.
Nos anos seguintes, Stoker deu continuidade as suas atividades literárias em ainda foram publicados Miss Betty (1898), Os sete dedos da morte (1903) e The Man (1904), entre outras que não obtiveram o mesmo sucesso de Dracula.
Sua carreira e vida pessoal entram em decadência. O Lyceum e seu acervo de adereços cênicos são destruídos por um incêndio. Em seguida, o teatro, em condições precárias é transferido ao um sindicato; no entanto, encerra definitivamente suas atividades em 1902. Henry Irving falece em 1905. No mesmo ano, Stoker sofre um derrame cerebral e contrai a doença de Bright que afeta o funcionamento dos rins.
A saúde de Stoker se deteriora gradativamente. Ainda sim, em 1906, publica, em homenagem ao amigo e sócio, Personal Reminiscences of Henry Irving. Após três anos, é publicado O Caixão da Mulher-Vampiro e em 1911 seu último romance intitulado O Monstro Branco.
Em 20 de abril de 1912, em Londres, Abraham Stoker, autor de uma das maiores obras da literatura mundial, falece em sua casa na companhia de Florence. Após a morte do autor, Florence Stoker, que morreria apenas em 1937, herdou os direitos de publicação de Drácula e cedeu permissão para que o teatrólogo Hamilton Deane adaptar o romance à peça teatral. Esta foi a primeira adaptação que a obra recebeu e contribuiu muito para sua popularização. Em 1922, Nosferatu, filme baseado no romance de Stoker, estreou nas telas do cinema sob direção do alemão Murnau.
A biografia de Stoker poderia ter sido suplantada pela história, pelo tempo e talento de tantos célebres autores. No entanto, o velho e demoníaco conde da Transilvânia aterrorizou o mundo nas palavras de Stoker, na figura de atores do cinema e na concepção de diretores teatrais, sublimando seu criador ao patamar de celebridade literária do século XX.
Se a biografia de Stoker é opaca frente à popularidade de seu Conde, é certo que a memória do próprio autor ainda vive na figura de Drácula, e o espectro de ambos se eterniza no inconsciente de cada um de nós, e revive pelo temor e pelo terror sempre que seu nome é pronunciado.

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